8 dez 2025, seg

O Exorcista (1973): Por Que Esse Filme Continua Assombrando o Cinema?

Quando se fala em filmes de terror que ultrapassam o próprio gênero e viram marcos culturais, O Exorcista é o nome que reaparece como um eco — insistente, pesado e indesviável.
Lançado em 1973, dirigido por William Friedkin, o filme não apenas assustou plateias: ele abalou estruturas.

Enjoos no cinema, pessoas desmaiando, debates religiosos, manchetes em jornais, padres convocados para entrevistas.
O Exorcista não era apenas um filme. Era um fenômeno.

A pergunta que permanece é:
por que ele ainda funciona, mesmo décadas depois?


A História é Assustadora Porque é Profundamente Humana

Ao contrário de muitos filmes de terror modernos, O Exorcista não é sobre sustos rápidos ou efeitos exagerados.
É um filme sobre uma mãe que não sabe mais como salvar sua filha.

Chris (a mãe), é racional, independente, moderna.
Ela tenta psiquiatras, neurologistas, especialistas.
Ela tenta tudo que a ciência oferece.

Só quando todo o natural se esgota, ela encara o sobrenatural.

E é nesse ponto que o filme se torna poderoso:

O terror não está no demônio.
O terror está no limite da capacidade humana diante do sofrimento.


Regan: A Inocência Violada

Regan, interpretada por Linda Blair, não é apenas uma vítima.
Ela é o símbolo daquilo que o mal tenta corromper: a pureza, o afeto, a infância.

A transformação dela é a parte mais dolorosa do filme.
Não porque ela assusta — mas porque ela nos faz sentir perda.

A perda de quem ela era.

Essa sensação é o verdadeiro horror.


Padre Karras: A Fé Que Enfrenta a Dúvida

Ao lado de Regan, temos o Padre Damien Karras, o personagem mais complexo da trama.
Ele é padre, mas também é médico.
Ele acredita, mas não consegue acreditar o suficiente.
Ele carrega culpa, medo, questionamento.

Ele é o reflexo de quem assiste:

“E se eu estivesse no lugar dele, eu teria fé?”

O arco dele é a espinha dorsal moral do filme.
Não é um herói perfeito.
É um homem falho sendo chamado para algo impossível.


O Demônio Não é Ameaçador — Ele É Ofensivo

O filme não tem medo de ser desconfortável.
A entidade não aparece com chamas, asas ou monólogos épicos.

Ela humilha.
Provoca.
Ridiculariza.
Destrói a dignidade e depois o corpo.

Essa opção narrativa é brilhante, porque faz o mal parecer:

  • Presente
  • Inteligente
  • Pessoal

Não um monstro.
Mas algo que mexe onde dói.


Por Que O Filme Ainda Funciona?

Porque ele entende algo que muito terror esquece:

O medo mais profundo não está no escuro, mas naquilo que nos escapa.

Quando não há mais remédio, quando ciência não resolve, quando amor não cura, quando a lógica falha, o que resta?

O filme confronta a fragilidade humana diante do inexplicável.
E isso não envelhece.


Veredito

O Exorcista não é apenas um clássico.
É um filme que marcou uma mudança na forma como o cinema encara o mal.

Ele não quer apenas assustar:
Ele quer mexer com sua certeza do que existe e do que não existe.

O Exorcista (1973): Por Que Esse Filme Continua Assombrando o Cinema?

5,0 / 5

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